Geoff Dyer
Se Nicolas Sarkozy reivindicou crédito por grande parte do progresso na Cúpula do G20 e Barack Obama recebeu aplausos por sua hábil diplomacia, a China aprovou de forma mais cautelosa os resultados do encontro.
Na ausência do tipo de coletiva de imprensa presidencial que muitos países realizaram, as autoridades chinesas listaram na sexta-feira várias de suas realizações no encontro de cúpula em Londres, mas também reconheceram que algumas das principais prioridades da China não foram tratadas.
As autoridades disseram que ficaram satisfeitas com as reformas anunciadas no Fundo Monetário Internacional (FMI), que incluem o fim do monopólio europeu-americano na liderança do FMI e do Banco Mundial, assim como a prometida reforma do sistema de cotas para dar à China um peso maior nas decisões. Apesar de Gordon Brown, o primeiro-ministro do Reino Unido, ter dito que China injetaria US$ 40 bilhões nos cofres do FMI, as autoridades disseram que a contribuição da China ainda está sendo discutida.
De forma geral, se os números anunciados de empréstimos ao FMI e do estímulo ao financiamento do comércio se materializarem, os economistas disseram que isso poderia ser muito benéfico para a máquina de exportação da China.
"Dado que cerca de 30% do crescimento do PIB chinês nos últimos anos foi movido pela demanda externa, nós acreditamos que a China se beneficiará significativamente com estas medidas", disse Stephen Green, da Standard Chartered.
Apesar disso, algumas das questões mais importantes para a China viram pouco progresso no encontro de cúpula em Londres. O compromisso de evitar o protecionismo, um dos maiores temores da China, foi relativamente vago, e já tendo anunciado um grande plano de estímulo fiscal para os próximos dois anos, a China esperava por uma maior ação nesta frente por parte dos outros países.
A China sinalizou antes do encontro que deseja empregar mais seu peso nos assuntos econômicos internacionais, apesar de que ainda não estão claras quais serão as prioridades que a China defenderá. Mas a Cúpula de Londres deu algumas pistas.
A disputa em torno dos paraísos fiscais, que só acabou depois que Obama mediou um acordo entre a França e a China, ilustrou quão fortemente a China defenderá seu senso de soberania nas questões econômicas.
A China apoiou de forma geral o esforço do G20 de fortalecer a regulamentação financeira - o presidente Hu Jintao não teria problemas com a afirmação de Sarkozy de que os dias do "modelo anglo-saxão" acabaram. Entretanto, a China apoiou principalmente as medidas que reforçariam a regulamentação nos países ocidentais, como controles sobre os fundos hedge e agências de rating. A oposição de Hu à listagem dos paraísos fiscais, que incluiria críticas a Hong Kong e Macau, indica a relutância da China em ver um novo regulador internacional que possa influenciar seu próprio sistema financeiro.
Os diplomatas disseram que há outro fator. Tanto a China quanto a Índia, eles alegaram, temem que qualquer nova entidade internacional de vigilância financeira será dominada pela Europa e pelos Estados Unidos, da mesma forma que o FMI e o Banco Mundial.
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