Teólogo Leonardo Boff defende eco-socialismo contra crise
O teólogo brasileiro Leonardo Boff, presente no Fórum Social Mundial, em Belém, Brasil, defendeu a necessidade de "ecologizar a política" com o Eco-socialismo face à crise global e de governação, considerando que a crise será ainda pior.
Lusa
"Nós queremos um socialismo matemático, por estatística. Ou repartimos os recursos escassos, ou vamos assistir à dizimação de milhões de pessoas. Aqueles que não vão aceitar morrer de fome, vão criar grandes convulsões políticas", afirmou aos jornalistas. Segundo Boff, a humanidade está "perplexa" com os efeitos da crise. "Não sabemos para onde vai a humanidade, sabemos que ela vai para uma grande crise que não chegou ao seu fundo ainda. Grandes crises virão como a da água, dos cartões de crédito e depois das universidades, principalmente nos Estados Unidos".
Entretanto, a principal crise, considera o teólogo brasileiro, será a da sustentabilidade do planeta. "A humanidade consome mais do que a Terra produz, a Terra já entrou em processo de caos. Temos que evitar a fase destrutiva do caos, que pode significar a morte de milhares de pessoas", alertou, destacando a necessidade de fazer com que o caos "não atinja dimensões de catástrofe".
América Latina pode ser líder no eco-socialismo
Segundo o teólogo, a solução passa não apenas por salvar o sistema económico, mas por "resolver os problemas da humanidade", e defendeu a urgência de um centro de articulação que "pense a Terra". Neste sentido, Leonardo Boff destacou que a ecologia se tornou o contexto de todas as questões, por ser estratégica, planetária e global e que deve inserir-se no "discurso político".
"Nós temos que ecologizar a política. O eco-socialismo é o que incorpora a natureza e faz uma aliança entre o contrato social e o contrato natural", sublinhou.
Apesar da América Latina ser o continente mais desigual, segundo o teólogo, ela é dotada de um "privilégio ecológico" e teria uma contribuição macro-ecológica a nível mundial.
"Só o Brasil tem 13% de toda a água doce do mundo, tem a maior biodiversidade e as maiores florestas tropicais que regulam os climas de toda a América", disse.
O facto de o Fórum Social ser realizado na Amazónia, acrescenta, é o "indicativo de que a Amazónia é fundamental para o equilíbrio do planeta Terra, não só do Brasil (...), mas da humanidade".
Boff questiona ainda a falta de um "projecto amazónico" entre os países onde a região Amazónica está localizada como Venezuela, Equador, Peru, Colômbia e Bolívia, além do Brasil.
"Os países amazónicos não se reuniram para dizer o que querem. Isso é um escândalo ecológico dado a importância que a Amazónia significa", disse.
Teologia da Libertação
Leonardo Boff é um expoente da Teologia da Libertação no Brasil, corrente de pensamento que envolve diversas teologias cristãs de países do Terceiro Mundo.
O seu pensamento, influenciado pelas Ciências Sociais, também reflecte a exclusão social como resultado de estruturas económicas e sociais injustas.
Boff está em Belém para participar no Fórum Mundial de Teologia e Libertação que decorre em paralelo ao Fórum Social e para o qual se inscreveram 80.000 pessoas de quatro mil organizações de 150 países de todo o mundo. para sber mais veja em..
http://sic.aeiou.pt/online/noticias/dinheiro/Teologo+Leonardo+Boff+defende+eco+socialismo.htm
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