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sábado, 21 de fevereiro de 2009

Mais uma mulher no poder

Islândia é mais um país a ter uma primeira-ministra

A coalizão política de centro-esquerda que governa a Islândia nomeou a social-democrata Johanna Sigurdardottir como nova primeira-ministra do país após a renúncia do premier Geir Haarde, forçado a deixar o poder devido aos violentos protestos contra a crise econômica no país.
Sigurdardottir tem 66 anos, foi aeromoça e dirigente sindical. Entrou na vida política em 1978 como deputada no parlamento e, até ser nomeada para o cargo de primeira-ministra, era ministra dos Assuntos Sociais.

A líder social-democrata é considerada uma das personalidades políticas mais experientes do país, sendo conhecida por seu compromisso em favor dos mais pobres. Johanna Sigurdardottir vai ficar à frente do cargo até maio, quando acontecem novas eleições no país.
Entretanto, o que chamou mais atenção quanto à nomeação da primeira-ministra não foi o fato de ser a primeira mulher a ocupar o cargo na história do país, nem suas reconhecidas competências políticas, muito menos o desafio que tem pela frente de recuperar a economia de um país em grave crise. O que mais se alardeou na imprensa foi o fato de Sigurdardottir ser lésbica, ter dois filhos e ser casada com uma jornalista desde 2002, condição que nunca escondeu de ninguém.

Embora possa ser uma vitória o país passar a ser o primeiro a ser governado por uma pessoa assumidamente gay e a indicação de Sigurdardottir representa um feito histórico no movimento pelos direitos dos homossexuais, viu-se claramente um tom de preconceito nas manchetes dos jornais. Coincidentemente, no mesmo período, a Fundação Perseu Abramo divulgou o resultado da pesquisa intitulada Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil, Intolerância e Respeito às Diferenças Sexuais – estudo realizado pela Fundação Perseu Abramo, em parceria com a alemã Rosa Luxemburg Stiftung. Os resultados do estudo mostraram que aproximadamente 90% das pessoas reconhecem que existe preconceito contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, e cerca de 70% dos entrevistados admitem o próprio preconceito.

Para os islandeses, a orientação sexual da primeira-ministra não surpreende. Em declaração recente ao jornal O Globo, a feminista Rosemarie Muraro elogiou o fato de Sigurdardottir chegar ao cargo, afirmando que não é à toa que a Islândia está em primeiro lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU. “O desenvolvimento é o único capaz de extinguir o preconceito”.

Em entrevista ao programa de rádio IdéiasLivres da Anis, Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, a antropóloga Débora Diniz afirmou que “em um mundo não homofóbico, não deveria importar a orientação sexual de seus líderes políticos. A primeira-ministra poderia ter o direito à privacidade de suas orientações sexuais. Mas, infelizmente, não vivemos em sociedades tolerantes à diversidade sexual. É nesse marco de sociedades homofóbicas que a posse da primeira-ministra da Islândia é um marco para a igualdade sexual no mundo. Afirmar-se publicamente como lésbica abre o caminho para o reconhecimento da diversidade sexual, para o rompimento do silêncio que impõe a heterossexualidade como norma para a vida social. (...) Assim como qualquer outra liderança política em seu cargo terá que enfrentar os desafios econômicos, propor políticas de saúde, discutir os rumos das relações internacionais. Mas, diferentes de seus antecessores, ela representa um marco para as políticas de reconhecimento – é a primeira liderança feminina gay a assumir um cargo de chefia máxima de um país. Certamente um sinal dos novos tempos”.
O desafio principal da primeira-ministra é tirar o país da crise econômica e financeira, e uma das primeiras medidas do novo gabinete será substituir a direção do banco central. Há, inclusive, um debate na Islândia sobre como a predominância masculina na política e nos negócios foi uma das causas da agressividade usada pelo país para criar a bolha de prosperidade dos últimos anos, especialmente a estratégia de alto risco adotada pelos empresários. Talvez não seja por acaso que a crise já traz mudanças, com a promoção de duas executivas para a presidência de dois dos três bancos nacionalizados pelo governo.
http://www.maismulheresnopoderbrasil.com.br/_noticias.html

Um comentário:

  1. Realmente é um fato importante, pois há um pensamento que gay é promíscuo e com isso irresponsável.
    Na Europa muitas mulheres assumem cargos de mandatários máximo, falta começar por aqui, pois talvez mude esta situação em que estamos.
    Vim conhecer seu blog e agradecer pela visita e comentário feito no meu blog.

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