A poeira de uma das regiões mais áridas do mundo provoca chuvas na maior floresta úmida do planeta. Uma pesquisa publicada no mês passado na revista científica Nature Geoscience mostra que o material que sai do Saara e atravessa o Atlântico está ligado diretamente à intensidade da precipitação na Amazônia. Todo ano, entre fevereiro e abril, a areia suspensa por tempestades no deserto sai da África, cruza o oceano e alcança a América.
Em processos já conhecidos, ela influencia o clima e até a biodiversidade do Atlântico. Mas até agora não havia sido ligada com tanta propriedade às chuvas na região tropical americana. O físico Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo (USP), um dos autores do estudo, explica que a poeira do Saara apresenta características que favorecem o aparecimento de cristais de gelo nas nuvens convectivas - que, na Amazônia, respondem por 90% da chuva. Essas nuvens se formam na alta atmosfera, de 15 a 18 quilômetros de altura, e são feitas de gelo.
Nem toda partícula em suspensão tem a capacidade de nuclear cristais de gelo. O material do deserto, contudo, é rico em ferro. Quando está em alta altitude, o ferro tem a capacidade de condensar vapor dágua sobre ele, compondo então as nuvens convectivas. O cientista acredita que, "em uma escala de tempo de milênios, eles até podem ajudar a explicar a exuberância da Amazônia". Artaxo também está curioso sobre o efeito das mudanças climáticas no mecanismo. Estudos indicam que o Saara pode ficar ainda mais seco - o que pode se traduzir em mais chuva na Amazônia e contradiz projeções para o futuro da região. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
http://noticias.br.msn.com/artigo.aspx?cp-documentid=20350102
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